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"Como é bom ter um xará, meu próprio nome chamar, o outro que sou eu mesmo é tão difícil achar." Dilan Camargo

sábado, 11 de julho de 2009

acreditar em quem ou no quê?

Minha mãe sempre foi uma rocha. Desde criança sempre a vi como um general no comando de sua tropa, os filhos. Sua vida foi desde muito cedo uma guerra, aos 16 anos casou-se com meu pai, primeiro e único homem de sua vida, antes dos 17 anos já tinha o primeiro filho e ao completar 17 já o tinha enterredo, aos 45 anos pariu seu décimo terceiro filho e já tinha enterrado quatro. Nunca há vi lamentar a perda dos filhos, sempre disse, Deus sabe o que faz. Aliás sua fé sempre foi inabalável, acontecesse o que acontecesse, nunca arredou pé do que acreditava. Meu pai, sempre foi um coadjuvante em nossas vidas, nunca foi ligado a família, mulherengo, abandonova-á sempre que estava gravida, depois voltava com a desculpa de ver a criança e acabava ficando até a próxima gravidez, mal provia o necessário para o sustento da família, sempre foi um homem desprovido de ambição, ao contrário da minha mãe que vivia sonhando em construir uma casa, comprar móveis e roupas novas, se preparar para o futuro, mas esse nunca foi um sonho compartilhado pelos dois.
Quando meu irmão mais novo tinha nove meses, ele se foi, pela última vez, morar com a amante que até hoje é sua esposa. Desde então ela passou a viver para criar os filhos menores com a ajuda dos filhos maiores, que aliás muito antes, já eram os mantenedores da familia. E ela sempre muito forte, educou, criou e sustentou nove filhos, praticamente sozinha. Fechou-se para o amor, nunca mais quis outro homem na sua vida. Sofreu e ainda sofre o amor não correspondido, as traições e incompreenções, mas apesar da fragilidade física era sempre indestrutível. Há vi, muitas vezes, chorar sozinha na beira de uma tanque de roupas sujas. Apesar, das perdas e tantos sofrimentos nunca se desviou do caminho que havia escolhido e do que queria para si.
Hoje, trinta anos depois, olho para minha mãe e há vejo definhando. Os musculos trêmulos e enrijecidos, praticamente surda, com dificuldades para se locomover e absolutamente sozinha. Não admite em hipótese alguma sair da sua casa, não aquela que ela planejou, mas há que foi possível ter. As cuidadoras que arrumamos, não duram porque ela não aceita ninguém que não faça as coisas como ela quer. Acaba durante a semana ficando praticamente sozinha. Já faz alguns anos que ela vem nesse processo, já fez um acidente vascular cerebral, que pelos exames não deixou sequelas, sistema nervoso e emocional abastante abalados, cirurgia nos joelhos, pressão alta e por fim há uns três anos, o diagnóstico...doença de parkinson. Desde, então segue-se o tratamento com o que há de mais avançado para o parkinson no mercado e juntamente com mais 6 ou 7 outros medicantes. Haja estrutura física, emocional e financeira para oferecer o mínimo necessário para proporcionar um mínimo de dignidade para quem deu-se a sí mesma para aqueles a quem amava.
No decorrer de últimos anos ela vem ficando pior e as doses de rémedios para o mal de parkinson vem aumentando. Bom, sabemos que parkinson não tem cura. Segundo, a médica que a diagnósticou o remédio reduz o avanço a doença. E, assim ela vem, consultando com vários tipos de médicos, cardiologista, otorrino, gastro, neuro, geriatra e tomando remédios, tomando remédios. Só que nos ultimos meses, para mim ela vem pioriando muito, acho-a muito mais trêmula, ela tem dificuldade de se equilibrar (tem labirintite também) e o mais estranho que tá tendo alucinações. Para mim, ela me parece muito, muito fraça. Mas, graças a Deus, agora achamos uma "tata" para ficar com ela. Preocupa resolvi levá-la no neurgolista, o plano de saúde dela, tinha contratato um novo neurologista.
Bom, depois de ouvi-la, me ouvir, perguntar muitas coisas, examiná-las fisicamente e fazer um teste de memória, com 30 perguntas das quais ela acertou 27, o diagnóstico....ela não tem doença de parkison!!! Mas, doutor????? Sim!!!! Ela não tem problemas cognitivo, nem de memória, não tem enrejecimento muscular e as alucionações???? que remédio tá tomando para dormir? o rivotril! Provavelmente seja essa causa; mas, doutor rivotril é só pra dormir. Remédio de tarja preta para idosos não é recomendado. Vamos fazer uma semana de teste, pode ser que eu esteja engado, rivotril nem pensar e pára de tomar o remédio do parkinson (stalevo) e faz esses exames de sangue para ver outras coisas. E, passa a tomar um antidepressivo e um antipsicótico antes de dormir. Depois de três dias, ela já demonstratava bastante melhora, a fisioterapeuta falou que ela passou a se equilibrar melhorar para os exercícios, o tremores no queijo e mão direita diminuiram bastante, agora ela diz que dorme bem, não vê mais ninguém invadindo a casa. E a fisionomia, melhourou muito.
E, agora José? Acreditar em quem ou no quê?

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